sábado, 7 de maio de 2011

Notícias de Rosalie - LUA NOVA

Excerto postado no site oficial da escritora Stephenie Meyer.
Este excerto é relativo ao 2º livro da saga, Lua Nova, quando Edward descobre que Bella se atirou de um penhasco e pensa que esta morreu.
(Ponto de vista de Edward)

Notícias de Rosalie

O telefone no meu bolso vibrou outra vez. Era a 25ª vez em 24 horas. Eu pensei em abrir o telefone, pelo menos ver quem é que estava a tentar contactar-me. Talvez fosse importante. Talvez o Carlisle precisasse de mim.

Pensei nisso, mas não me mexi.

Eu não tinha bem a certeza de onde estava. Algum sotão escuro, cheio de ratos e aranhas. As aranhas ignoravam-me, e os ratos afastavam-se o mais possível. O ar estava espesso com os pesados cheiros de óleo de cozinha, carne, transpiração humana, e a camada quase sólida de poluição que era de facto visível no ar húmido, como uma fita de filme por cima de tudo.

Por baixo de mim, quatro assoalhadas de um edifício guetto tremia com vida. Não me importei em separar os pensamentos das vozes. Eles faziam um grande clamor espanhol que eu não ouvi. Apenas deixei os sons afastarem-se de mim. Não tinha significado. Nada daquilo tinha significado. A minha própria existência não tinha importância. O mundo inteiro não tinha importância.

Tinha a testa pressionada contra os meus joelhos, e perguntei-me durante quanto mais tempo é que seria capaz de suportar isto. Talvez não houvesse esperança. Talvez, se a minha tentativa estivesse condenada ao falhanço de qualquer das maneiras, eu devia parar de me torturar e simplesmente voltar…

Essa ideia era tão poderosa, tão cicatrizante. Como as palavras contidas num forte anestésico, afastando de mim a montanha de dor que me enterrava, que me fazia ofegar, que me punha tonto.

Eu podia ir-me agora embora, eu podia voltar.

A cara de Bella, sempre por trás dos meus olhos, sorriu para mim.

Era um sorriso de boas vindas, de perdão, mas não teve o efeito que o meu subconsciente provavelmente queria que tivesse. Claro que eu não podia voltar. O que era a minha dor, afinal, em comparação à sua felicidade? Ela devia ser capaz de sorrir, livre de medo e perigo. Livre de um longo futuro sem alma. Ela merecia melhor que isto. Ela merecia melhor que eu. Quando ela deixasse este mundo, ela iria para um lugar que estava para sempre impedido para mim, não importando como me tinha conduzido até lá.

A ideia daquela final separação era muito mais intensa do que a dor que eu já tinha. O meu corpo tremeu com ela. Quando a Bella fosse para o lugar onde pertencia e eu nunca poderia, eu não ficaria para trás. Devia existir esquecimento, devia haver alívio.

Essa era a minha esperança, mas não havia garantias. Mesmo quando eu me tornasse em cinzas, será que ainda iria sentir de alguma forma a tortura da perda dela? Tremi de novo.

E, raios, eu tinha prometido. Eu prometi-lhe que não iria atormentar a sua vida de novo, levar-lhe os meus demónios negros. Eu não ia voltar para o seu mundo. Não podia fazer alguma coisa certa por ela? Nada?

A ideia de voltar para a nublada cidade que sempre foi o meu verdadeiro lar neste planeta rastejou nos meus pensamentos outra vez.

Só para me certificar. Só para ver se ela está bem, segura e feliz. Não para interferir. Ela nunca iria saber que eu tinha lá estado…

Não, raios, não.

O telefone vibrou outra vez.

“Raios, raios, raios ” – Rugi.

Eu podia usar a distracção, supus. Abri o telefone e vi os números com o primeiro choque que sentia em meio ano. Porque é que Rosalie havia de me telefonar? Ela era a única pessoa que estava provavelmente a desfrutar da minha ausência.

Devia haver algo realmente de errado se ela precisava de falar comigo. Subitamente preocupado pela minha família, carreguei no botão de atender.

“O quê?” – perguntei tenso.

“Ah, uau. O Edward atendeu o telefone. Sinto-me tão honrada!”

Mal ouvi o tom dela, soube que a minha família estava bem. Ela devia simplesmente estar aborrecida. Era difícil adivinhar os seus motivos sem os pensamentos como guia. A Rosalie nunca fez grande sentido para mim. Os seus impulsos eram normalmente encontrados nos mais estranhos tipos de lógica. Fechei o telemóvel.

“Deixa-me em paz” – sussurrei para ninguém.

E é claro que o telefone vibrou outra vez.

Será que ela ia continuar a telefonar-me até que me dissesse qual que fosse a mensagem com que me planeava irritar? Provavelmente. Iam passar meses até que se cansasse deste jogo. Brinquei com a ideia de a deixar carregar no mesmo botão durante o próximo meio ano… E então suspirei e atendi o telemóvel de novo.

“Despacha-te”

Rosalie despachou-se com as palavras. “Pensei que quisesses saber, a Alice está em Forks”.

Abri os meus olhos e olhei para as barras de madeira podre a três centímetros da minha cara.

“O quê?” – A minha voz estava vazia, sem emoção.

“Sabes como é que é a Alice… pensa que sabe tudo. Como tu.” – Riu-se sem humor. A sua voz tinha uma margem nervosa, como se estivesse subitamente insegura em relação ao que estava a fazer.

Mas a minha raiva tornou difícil preocupar-me com qual seria o problema de Rosalie.

A Alice jurou-me que iria seguir as minhas direcções no que dizia respeito a Bella, apesar de não concordar com a minha decisão. Ela prometeu que ia deixar Bella sozinha… enquanto eu deixasse. Claramente, ela pensou que eventualmente eu iria deixar de resistir à dor. Talvez estivesse certa sobre isso.

Mas não deixei. Ainda. Portanto o que é que ela estava a fazer em Forks? Queria apertar aquele pescoço magro. Não que Jasper me deixasse aproximar dela, mal percebesse um bocado da fúria que irradiava de mim…

“Ainda aí estás, Edward?”

Não respondi. Apertei a cana do meu nariz com a ponta dos meus dedos, se a Alice já tinha voltado…

Não, não, não, não. Eu fiz uma promessa. Bella merecia uma vida. Eu fiz uma promessa. Bella merecia uma vida.

Repeti as palavras, como se para me convencer, tentando afastar da minha cabeça a sedutora imagem da janela negra de Bella. O portal para o meu único santuário.

Não havia dúvidas que teria de rastejar, quando lá chegasse. Mas não me importei com isso. Eu podia, de bom grado, passar a próxima década de joelhos se estivesse com ela.

Não, não, não.

“Edward? Nem sequer queres saber porque é que ela lá está?”

“Não particularmente.”

A voz de Rosalie tornou-se um bocado convencida. Estava satisfeita, sem dúvida, por me ter arrancado uma resposta. “Bem, claro, ela não está exactamente a quebrar as regras. Quer dizer, tu só nos avisaste para nos afastarmos da Bella, certo? O resto de Forks não importa.”

Pisquei os meus olhos devagar. A Bella foi-se embora? Os meus pensamentos circularam a inesperada ideia. Ela ainda não tinha acabado o liceu, por isso deve ter voltado para a mãe. Isso era bom. Ela devia viver na luz do dia. Era bom que ela tenha sido capaz de pôr as sombras para trás.

Tentei engolir, e não consegui.

A Rosalie deu um riso nervoso. “Portanto não precisas de ficar zangado com a Alice.”

“Então porque é que me ligaste, Rosalie, se não queres por a Alice em sarilhos? Porque é que me estás a incomodar? Ugh!”

“Espera!” – Ela disse, percebendo que eu era capaz de desligar outra vez. “Não foi por isso que eu telefonei.”

“Então porquê? Diz-me depressa. E depois deixa-me em paz.”

“Bem…” – Hesitou.

“Desembucha, Rosalie. Tens dez segundos.”

“Acho que devias vir para casa” – Rosalie disse com pressa. “Estou cansada de ver Esme infeliz e o Carlisle a nunca se rir. Devias sentir-te envergonhado com o que lhes fizeste. O Emmett sente a tua falta a toda a hora e começa-me a irritar. Tu tens uma família. Cresce e pensa em algo sem ser em tu próprio.”

“Conselho interessante, Rosalie. “

“Eu estou a pensar neles. Ao contrário de ti. Não queres saber o quanto magoaste Esme? E toda a gente? Ela ama-te mais do que o resto de nós, e tu sabes isso. Vem para casa.”

Eu não respondi.

“Pensei que mal esta coisa toda de Forks acabasse, tu ias ultrapassar isso.”

“Forks nunca foi o problema, Rosalie” – Disse, tentando ser paciente. O que ela disse sobre Esme e Carlisle atingiu um ponto fraco. “Só porque a Bella” – era difícil dizer o nome dela em voz alta – “se mudou para a Florida, não significa que eu seja capaz… Olha, Rosalie. Eu lamento imenso, mas, acredita em mim, não ia fazer ninguém mais feliz se eu estivesse aí.”

“Hum…”

Lá estava, aquela hesitação nervosa de novo.

“O que é que não me estás a contar, Rosalie? A Esme está bem? O Carlisle…”

“Eles estão bem. É só que… bem, eu não disse que a Bella se mudou.”

Não falei. Corri toda a conversa na minha cabeça. Sim, a Rosalie disse que a Bella se mudou. Ela disse: … tu só nos avisaste para nos afastarmos da Bella, certo? O resto de Forks não importa. E depois: Pensei que mal esta coisa toda de Forks acabasseEntão Bella não estava em Forks. O que é que ela quis dizer, Bella não se mudou?

Depois Rosalie apressou-se nas palavras outra vez, dizendo-as quase zangada desta vez.

“Eles não queriam dizer-te, mas eu acho que isso é estúpido. Quanto mais depressa ultrapassares isto, mais cedo podes voltar ao normal. Porquê deixar-te deambular à volta dos cantos negros do mundo quando não há necessidade para isso? Podes vir para casa agora. Podemos ser uma família de novo. Acabou.”

A minha mente pareceu partir-se. Eu não conseguia fazer sentido das palavras dela. Era como se houvesse algo muito, muito óbvio que ela me estava a dizer, mas eu não fazia ideia do que era. O meu cérebro jogou com a informação, fazendo padrões estranhos dela. Não fazia sentido.

“Edward?”

“Eu não percebo o que estás a dizer, Rosalie.”

Uma longa pausa, o tempo de alguns batimentos de coração humanos.

“Ela está morta Edward.”

Uma pausa ainda mais longa.

“Eu…lamento. Mas tu tens o direito de saber, acho eu. A Bella… atirou-se de um penhasco há dois dias. A Alice viu isso, mas era tarde de mais para fazer alguma coisa. Acho que ela teria ajudado, quebrado a palavra, se tivesse havido tempo. Ela voltou para ver o que podia fazer pelo Charlie. Tu sabes como ela sempre se importou com ele…”

O telefone desligou-se. Demorei alguns segundos a perceber que tinha sido eu a desligá-lo.

Sentei-me na poeirenta escuridão durante um longo, espaço congelado de tempo. Era como se o tempo tivesse acabado. Como se o universo tivesse parado.

Devagar, mexendo-me como um homem velho, liguei outra vez o telemóvel e marquei o único número que prometi a mim mesmo nunca mais voltar a telefonar.

Se fosse ela, eu desligava. Se fosse Charlie, eu arranjava a informação que precisava. Eu ia provar que a piadinha doentia da Rosalie estava errada. E depois ia voltar para o meu nada.

“Residência Swan” – respondeu uma voz que nunca tinha ouvido antes. A voz de um homem, profunda, mas ainda jovem.

Não parei para pensar nas implicações daquilo.

“Daqui é o Dr. Carlisle Cullen.” – Eu disse, imitando perfeitamente a voz do meu pai. “Posso por favor falar com Charlie?”

“Ele não está aqui” – A voz respondeu, e fiquei ligeiramente surpreendido pela raiva na voz. As palavras eram quase um rosnar. Mas isso não importava.

“Bom, então onde é que ele está?” – Exigi, ficando impaciente.

Houve uma curta pausa, como se o estranho quisesse esconder-me a informação.

“Ele está no funeral” – O rapaz finalmente respondeu.

Desliguei o telefone de novo.

11 comentários:

  1. A tradução está óptima, e esta parte da história é linda.

    Vai traduzir a parte "Miscalculation" que está no site da escritora?

    Obrigada, e boas traduções ;)

    ResponderEliminar
  2. Olá
    Em que site encontrou este excerto? No site http://www.stepheniemeyer.com/midnightsun.html
    só encontro o partial draft q inclui apenas alguns capitulos e nao este.
    Pode-me ajudar?
    Obrigada
    Claudia Correia

    ResponderEliminar
  3. Este excerto está publicado aqui:

    http://www.stepheniemeyer.com/nm_extras.html

    ResponderEliminar
  4. Olá!
    A tradução está muito boa! :)
    Stephenie Meyer ainda não publicou mais nenhum capitulo, ou você já não vai traduzir mais nenhum?

    ResponderEliminar
  5. Obrigada!
    Infelizmente a autora não voltou a publicar mais nada...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. De nada!
      Tenho muita pena :(...mas vou ficar à espera. =D
      Obrigada

      Eliminar
  6. Boa Noite!
    Fui ao site da escritora e vi que estavam lá mais dois capitulo, mas como eu não percebo nada de inglês, queria perguntar-lhe se vai traduzi-los ( "Miscalculation" e "Being Jacob Black")?

    ResponderEliminar
  7. Olá!
    Gostei muito de ler os capítulos, a história é fantástica! :)
    Mas eu gostaria de saber se vai traduzir os capítulos: "Miscalculation" e "Being Jacob Black".
    Vai traduzi-los?
    Obrigada

    ResponderEliminar
  8. Boa tarde, também andei vendo outros sites e achei até o capítulo 17 em inglês, gostaria de saber se pode traduzi-los.

    ResponderEliminar
  9. stephenie seus livros e filmes se tornarão meus preferidos de todos meus 18anos de vida
    curto muito toda a seria crepusculo abraço.
    raiane

    ResponderEliminar
  10. Nice post. I leаrn sοmethіng new and сhallenging
    оn websitеs Ι stumbleuροn on a daily baѕіѕ.
    It's always useful to read through content from other writers and practice something from their websites.

    Feel free to surf to my web site - tony horton's 10
    minute trainer

    ResponderEliminar